Por: Davi Marques Pastrelo
De acordo com pesquisas realizadas em jornais e documentos
disponíveis na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no Museu da Rua
Voluntários da Pátria, e no Arquivo Histórico Rodolpho Tellaroli de Araraquara (SP), cerca de 528 homens
alistaram-se para lutar nas mais diversas frentes e a cidade também
teve grande importância na arrecadação de títulos de bônus para a causa
constitucionalista, na distribuição de alimentos, armas e treinamento
de tropas para a Revolução.
O destino mais
comum dos araraquarenses foram a capital paulista, de onde depois
seguiam para as frentes de batalha, a fronteira com Minas Gerais e o
Vale do Paraíba. Outro destino comum dos araraquarenses foi São José do
Rio Pardo (SP), onde lutou o 2º batalhão da cidade.
De
acordo com a gerente do Museu Histórico e Pedagógico "Voluntários da
Pátria", Virgínia C. Fratucci de Gobbi, na atual
praça Pedro de Toledo haviam manifestações favoráveis aos
revolucionários. Outros pontos de concentração eram a Avevida Portugal,
esquina com a Rua São Bento (Rua 3) e o largo da atual prefeitura,
onde haviam auto-falantes que transmitiam notícias sobre o fronte.
Virgínia esclarece ainda que muitas mulheres alistaram-se para
trabalhar como costureiras e enfermeiras no conflito.
Foto de desfile em pró da Revolução de 1932, CD Araraquara 100 anos, Prefeitura Municipal de Araraquara.
Durante o conflito, seis
soldados araraquarenses morreram em combate: Bento de Barros, Diógenes
Muniz Barreto, Joaquim Alves, Joaquim Nunez Cabral, José Cesarini e
Waldomiro Machado. Seus nomes estão numa placa de bronze na estátua em
homenagem à Revolução Constitucionalista de Araraquara, atualmente
localizada na Avenida Bento de Abreu, no bairro da Fonte Luminosa.
Apesar
de São Paulo ter sido derrotado no conflito armado, foram convocadas
novas eleições em 1933, consolidando o processo de constitucionalização
do país em 1934. Outra consequência foi que o estado voltou a ser
governado por paulistas. Contudo, Vargas havia derrotado o maior bolsão
de resistência a seu governo.
Outras cidades da região que na época eram distritos de Araraquara, como Américo Brasiliense, Santa Lúcia, Rincão, Motuca, Gavião Peixoto entre outras, contribuíram com doação de alimentos, dinheiro, munições, além do alistamento de soldados para as frentes de batalha.
Foto: Davi Marques Pastrelo
A Revolução de 1932
A
Revolução Constitucionalista de 1932 teve como origem o
descontentamento de vários setores da sociedade paulista às políticas
implantadas por Getúlio Vargas e o núcleo desse movimento foi a aliança
entre o PRP (Partido Republicano Paulista) e o Partido Democrático,
até então velhos adversários do cenário político de São Paulo. A essa
união juntaram-se a classe dominante e a classe média paulista e outros
setores descontentes como o exército.
A
revolta eclodiu em 9 de julho de 1932, após a morte de quatro
estudantes paulistas: Martins, Miragaia, Dráusio e Caramgo (M.M.D.C.).
O
objetivo inicial da Frente Única Paulista era a reconquista da
autonomia estadual e a realização de eleições nacionais para a
Assembléia Constituinte. Posteriormente, o movimento assumiu a forma de
luta armada contra as tropas federalistas de Getúlio Vargas, uma forma
de forçá-lo a adotar uma nova constituição para o país.
Para
o conflito, São Paulo realizou um grande esforço de guerra, as
indústrias passaram a produzir armas e munições, para os soldados.
Outras armas foram produzidas de forma artesanal em oficinas e casas de
ferragens. Mulheres foram recrutadas para o trabalho como enfermeiras
em hospitais e na produção de fardas, botas e outros artefatos para os
soldados constitucionalistas.
No entanto, o
estado de São Paulo estava sozinho no levante, outras rebeliões foram
sufocadas no Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais. No Rio
Grande do Sul, o general Flores da Cunha não apoiou a Revolução,
contudo houve um batalhão de cerca de 450 homens comandados pelo general
Borges de Medeiros que apoiaram a Revolução paulista e utilizavam-se
de “ táticas de guerrilha”, pois atacavam destacamentos que partiam do
RS para reforçar as forças Getulistas na fronteira com o Paraná.
Os
feitos do batalhão gaúcho foram esquecidos após a batalha de Cerro
Alegre, município de Piratini (RS), onde em 20 de Setembro de 1932
foram mortos mais de 200 soldados.
Devido à
falta de reconhecimento oficial desse fato por falta dos governos
gaúcho e paulista, há até os dias atuais uma rivalidade entre os
estados.
Dados extra-oficiais revelam que
durante os três meses de conflito, as forças constitucionalistas
perderam cerca de 2000 soldados, embora oficialmente no mausoléu da
Revolução estejam enterrados 634 soldados. O Exército brasileiro perdeu
1.050 soldados no conflito.
Fontes pesquisadas: Jornal O Imparcial, Biblioteca Municipal Mário de Andrade, Arquivo Histórico Rodolpho Tellaroli, Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria.
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